sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

COMO SURGIU ESSE BLOG?







ESTE SENHOR ERA UM AMIGO MUITO QUERIDO,ERA COLEGA DO MEU EX,ELE JA MORREU COLOCANDO O LIXO PRA FORA DE CASA,AS ÚLTIMAS PALAVRAS DELE A ESPOSA FOI:EU ME SINTO TÃO MAL, UMA SENSAÇÃO DE FOME  O TEMPO TODO-. ELE TINHA FEITO AQUELA OPERAÇÃO PARA NÃO SER GORDO E ELE ERA UM GORDO FELIZ E BONITO,MAS A MIDIA SUGERE QUE SEJAMOS TODOS MAGÉRRIMOS,E ATÉ QUE COMAMOS ALPISTES E OUTRAS SEMENTES QUE ANTES DÁVAMOS PARA OS PÁSSAROS,TA UMA BAGUNÇA AS VÊZES ACHO QUE ESSA COMIDA DAS AVES INSERIDAS EM NOSSA ALIMENTAÇÃO É PARA QUE SOBRE  MAIS NA MESA DOS RICOS.
 NA PRIMEIRA POSTAGEM CONSTA TODA A HISTÓRIA,UMA PESSOA QUE CRIOU PARA SALVAR ALGUÉM QUE NUNCA MAIS APARECERIA E EU TO QUE NEM ESTE BLOG AQUI DENTRO DE CASA,NÃO EXISTO, HA UM CORPO TRAFEGANDO DE LÁ PARA CÁ ALGUÉM QUE SE FORÇA ABRIR AS JANELAS E CLAREAR A CASA E A BUSCAR ALGO PARA COMER SEM QUERER COMER ABSOLUTAMENTE NADA.
EU TENHO UM CELULAR QUE NÃO TOCA
 TENHO DOIS TELEVISORES QUE EU NÃO VEJO, GRAÇAS A DEUS TEM A LITA AGORA EM CASA E ELA DÁ RISADA LA NO QUARTO DE COISAS QUE EU NÃO SABERIA MAIS RIR DE NADA.





HOJE EU GRITEI COMIGO MESMA ,PEDINDO A DEUS QUE FIZESSE ALGUMA COISA.
DEUS EU NÃO QUERO MAIS ELE AQUI, MAS QUERIA QUE ELE SE IMPPORTASSE COMIGO COMO PODE ME DEIXAR TÃO SÓZINHA ASSIM ?COMO PODE?TODOS O QUE EU FIZ MEU DEUS O QUE FOI QUE EU FIZ?
È TRISTE NÃO TER RESPOSTAS AS NOSSAS INDAGAÇÕES,ATÉ ALGUÉM CONDENADO Á MORTE TEM DIREITO AO ÚLTIMO PEDIDO E SABE PORQUE FOI CONDENADO POIS A MIM FOI CONCEDIDO O NADA, E SE EU FALO ,SE EU MANIFESTO A MINHA DOR AS PESSOAS SE AFASTAM DE MIM.
EU NUNCA VOU ME ACOSTUMAR JAMAIS!
NÃO ME CONFORMO.



Eu sei que a gente se acostuma.
Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E porque à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíches porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a abrir a janela e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números da longa duração. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com o que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes, a abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema, a engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às besteiras das músicas, às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À luta. À lenta morte dos rios. E se acostuma a não ouvir passarinhos, a não colher frutas do pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda satisfeito porque tem sono atrasado. A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.
Marina Colasanti

Nenhum comentário:

Postar um comentário